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Tenham uma bela droga de dia

  • Foto do escritor: André Luis Mazzoli
    André Luis Mazzoli
  • 1 de out. de 2020
  • 2 min de leitura

Já caí do cavalo por tantas vezes por criar expectativas, que, neste momento, deveria não mais cometer essa atrocidade. Principalmente se tratando do cinema. Não sei quanto a vocês, mas o que me leva a assistir um filme são entretenimento e diversão. Independente se pra mim terror e suspense sejam faceiros. Mas é algo que me tira de minhas rotinas diárias ao desconhecido e não previsível. Antes de começar a falar sobre filmes que tratam de transtornos, fiz uma pesquisa no Google sobre quais deveriam ser abordados. Acho que me falaram tanto pra não ficar me aprofundando ao tema, que passei a ignorar alguns títulos. Mal sabia eu, com carteirinha registrada pela Associação mundial de pessoas que choram em propaganda de Plano de saúde, que esses filmes, tão profundos e polêmicos, são prontamente capacitados para debulharmos em lágrimas. E você acha que me sinto mal por isso? Eu adoro! É sinal de que, por mais que seja encenado por atores que seguem um roteiro, aquilo para muitos é real. São trejeitos e sentimentos que somente quem vivencia sabe o quão a mensagem é importante. E quando normatizamos falsos e boçais detalhes que pré-conceituam algo que ainda não foi visto; e quando o que é apresentado, realmente é bom, o arrebatamento vem como um sentimento de felicidade por levar um chute nos testículos.

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E o que dizer desse elenco? Ai.. meu... Deus! Zoe Saldana, com pouco tempo em tela (mas suficiente) tinha tudo para ser a megera, evasiva, egoísta e sem coração que deixou as filhas nas mãos de um maluco. Contudo, com o desenvolver do filme, vamos retirando as camadas desta cebola, e nos deliciando com uma personagem que aprendemos a nos identificar com suas motivações, e por que não, torcer. Já Ruffalo, trouxe um Cameron sem camadas. Ele é o que é, e pronto. Um personagem que oscila entre fases carismáticas, excessivo, preocupado, despreocupado, cheio de certezas, assustador, impulsivo, cheíssimo de altos e baixos e, acima de tudo, humano. Talvez eu esteja me contrariando ao que já escrevi (e isso seria formidável), mas nunca me vi tanto em um personagem como no Cameron de Ruffalo. É magnifica sua interpretação para suas características nas flutuações de euforia e depressão. E deixa evidente que pessoas acometidas pela bipolaridade não são fracas.

“Sentimentos que curam” é mais um filminho gostoso de “Sessão da tarde” com direito a edredom, pipoca e refrigerante. É uma estória simples, sem muito paranauê, e, todavia, entrega o que esperamos. Se hoje já é bom, daqui alguns anos será primoroso. Não é um clichê e tampouco demagogia. É um filme familiar de esperança, que nos joga de um lado pro outro, sem precisar dizer “olha como eu sofro”. E quem sou eu pra julgar? Mas se na penúltima cena você não chorar, é porque de duas uma: 1 – Você não soube entrar de cabeça na premissa da história. Ou, 2 – Você é uma pessoa sem coração com sangue de barata. Entre as duas eu preferiria assistir o filme novamente.

Nota do famigerado: 8,1

 
 
 

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