top of page

Excelsior

  • Foto do escritor: André Luis Mazzoli
    André Luis Mazzoli
  • 20 de ago. de 2020
  • 3 min de leitura

Sempre tive a impressão de que as pessoas me olhavam com julgamentos sobre quem eu era ou como eu agia. Talvez seja candura de minha parte, mas nunca li em qualquer lugar regras globais de comportamento que estipulava parâmetros de normalidade. Contudo, a sociedade em que nos vemos inclusos é a primeira a enfiar-nos o dedo na cara e dizer: Você é esquisito!

Em 2014, tive a pontual satisfação de assistir o filme “O lado bom da vida” (Silver Linings Playbook). Nele Pat Solitano (Bradley Cooper) é um homem que após algumas crises foi internado em um sanatório, e que por consequência perdeu quase tudo que tinha. Após sua saída, decide reconstruir sua vida através de um possível blecaute e passando por cima de problemas que ainda podem ser presentes. Contudo, a também temperamental Tiffany Maxwell (Jennifer Lawrence) aparece, e muda tudo o que havia sido esboçado por Pat.

Possivelmente, tenha sido proposital da parte do diretor e roteirista David Owen Russel (que tem um filho bipolar), que o espectador não saiba ao certo qual o gênero do filme. Fiquei meio desnorteado entre o drama dos personagens, e quiçá não deveria ter rido em piadas que não sabia ao certo se realmente eram piadas mesmo. Mas pelo fato de querer tanto pelo amor de Pat e Tiffany, gosto de pensar que o filme se trata de um romance. Nisso, norteio-me por uma comédia-romântica-dramática. Todavia, por mais que o filme tenha obtido 92% no Rotten Tomatoes, “pra mim” é típico previsível para os coraçõezinhos apaixonados.

Vindos de outros trabalhos anteriores, a química entre os atores até ludibria, mas não convence. Deixei-me enganar pelo carisma que Cooper e Lawrence carregam como possíveis novos queridinhos da América. Aliás, em 2013, entre oito indicações, Jennifer Lawrence conquistou o único Oscar do filme, quando na verdade eu o teria dado à Naomi Watts em “O impossível”. Entretanto, por mais que as interpretações estejam bem carregadas de longos diálogos, David Russel soube estabelecer o registro dos fatos e sentimentos através de movimentos de câmera, por vezes arrastados, para demonstrar a tranquilidade de certas situações; por vezes inquietos para demonstrar a turbulência das comoções. Mas, com o decorrer, o filme nos conduz aos arcos psicológicos de Pat à estabilidade.

Para aqueles, como eu, que apreciam uma boa trilha sonora (que é muito eficaz em filmes como este), irá se deleitar com leque deslumbrante, tais como Bob Dylan, Johnny Cash, The White Stripes, Led Zeppelin e a alegórica “My Cherie Amour” de Stevie Wonder. Nossa!

Por mais que o filme trate de um tema tão ponderoso, ele traz um roteiro bem descontraído. Consegue manter os dois pés no chão, e apresenta personagens com problemas, que além de buscarem a aceitação social, buscam também se aceitarem com suas limitações. E nisso, traz também suas mensagens de reflexão. Tais como: “Você precisa saber que são suas ações que fazem de você uma boa pessoa, não sua vontade.”, “Estou praticando ser gentil em vez de ter razão!”, mas a minha preferida é “O mundo vai quebrar o seu coração de dez formas diferentes até o Domingo. Isso é garantido. Não dá para explicar isso. Ou as loucuras dentro de mim e de todo mundo. Mas adivinhe? Domingo é o meu dia preferido de novo. Eu penso no que todos fizeram comigo, e eu me sinto um cara muito sortudo.”. E então, o filme, que até este momento, entende-se como um ser sem vida, também aponta o dedo na sua cara e diz: E você?

Já comentei, anteriormente, que não sou um aficionado por comédias românticas. Mas, por mais que “O lado bom da vida” tenha algumas imprecisões que me incomodaram, acompanhando as estruturas narrativas evocadas pelas mesmas comédias correntes, posso dizer que o filme é muitíssimo mais interessante que outros filmes clichês do gênero. Ele traz um baú de temas que vão desde apostas de futebol Americano a cacoetes e medicações. Nos leva a refletir temas importantes, não apenas como a bipolaridade, mas como aprendermos a nos aceitar e ver como a vida pode ser fantástica.

Nota do Famigerado: 7,7

 
 
 

1 komentář


irsandrinha
20. 8. 2020

O mundo pode romper nosso coração em mil pedaços, porém seguimos buscando o lado bom da vida 😍

To se mi líbí
bottom of page